Hoje, lendo o jornal, fui surpreendido nas páginas de Ciência e Tecnologia com as fotos dos primeiros prédios a ficarem prontos na cidade de Masdar (مصدر, nome da Companhia de Energia para o Futuro de Abu Dhabi, que significa “Fonte”). Já havia ouvido falar do projeto, mas ainda não havia atentado para detalhes. Mais do que um experimento científico, acho que se trata de uma marco para a arquitetura, superior ao que Brasília representa para nós, pois, apesar de as duas serem cidades planejadas, Masdar antevê o futuro retornando às tradições dos povos do deserto e da cultura árabe. Brasília, ao contrário, aponta para um futuro, perdido nos anos 1950, que não olha para o próprio Brasil. Isso me torna um fã cada vez maior do trabalho do arquiteto responsável pelo projeto, o britânico Norman Foster.
Abaixo, reproduzo a matéria que saiu no jornal O Globo, junto com algumas fotos de divulgação. Em breve, postarei mais fotos, mas deixo o link do projeto para quem se interessar: http://www.masdarcity.ae/en/index.aspx.
Em 2007, quando o governo dos Emirados Árabes anunciou seu plano de construir "a primeira cidade do mundo livre de carbono" nos arredores de Abu Dhabi, muitos ocidentais acharam que aquilo era um marketing moderno para fazer frente à torre de 1.500 metros de altura no deserto e às ilhas artificiais em formato de palmeiras na vizinha Dubai.
Projetada pela firma Foster & Partners, a cidade de Masdar será um quadrado perfeito, com aproximadamente 1.500 metros de cada lado, erguida sobre uma base de sete metros de altura para aproveitar a brisa do deserto. Entre seus labirintos de ruas de pedestres, uma frota de carros elétricos navegará silenciosamente por túneis. O projeto parecia uma mescla de uma fortaleza medieval murada e uma versão moderna da "Terra do Amanhã", do Magic Kingdom da Disneylândia.
As primeiras impressões se revelaram errôneas. Na semana passada, quando a primeira parte da cidade a ficar pronta foi apresentada ao público, ficou claro que Masdar é mais ousada do que se imaginava.
Norman Fostar, o principal sócio da firma responsável pelo projeto, misturou um design high-tech com práticas antigas de construção para criar um intrigante modelo de comunidade sustentável num país onde o dinheiro proveniente do petróleo permite a construção de praticamente qualquer coisa. E ele ainda trabalhou com uma atraente visão social, na qual as tradições locais e a modernização não entram em conflito.
Um dos objetivos em Masdar foi criar uma alternativa ao desenvolvimento ineficiente visto hoje em boa parte das cidades do Oriente Médio - casas construídas num superficial estilo islâmico ao lado de shoppings gigantescos.
Foster começou um meticuloso estudo sobre os assentamentos árabes, entre eles a antiga cidadela de Aleppo, na Síria, e as torres de apartamento de argila em Shibam, no Iêmen, do século XVI. Segundo ele, o importante é entender o fundamental: como as comunidades antigas conseguiam viver numa área em que a temperatura do ar chega a 65 graus Celsius.
Ele descobriu que construir as cidades sobre um platô elevado era uma delas. Outra era fazer ruas estreitas para potencializar o vento encanado e as sombras. Com essas medidas, eles esperam baixar muito a temperatura local e economizar mais da metade do total de energia necessário para fazer a cidade funcionar.
Do total de energia usado, 90% será solar e o restante obtido a partir da incineração de rejeitos. Os serviços de purificação e incineração são todos subterrâneos. E os painéis fotovoltaicos ficam fora da cidade. Carros são totalmente proibidos.
Fotos de divulgação da nova cidade:
O projeto da cidade, um quadrado com 1,5km de lado, projetado por Norman Foster para abrigar 45 mil habitantes e receber 45 mil visitantes ao mesmo tempo.
Detalhe de um dos primeiros prédios residenciais já construídos em Masdar, onde se nota a fachada em terracota (como as antigas casas do deserto), com gelosias compostas por mosaicos tradicionais da cultura árabe – elas protegem do sol, sem bloquear o vento.
Foster planejou ruas estreitas, como as das antigas Medinas (Fez, no Marrocos, é um exemplo conhecido para os brasileiros), para ajudar na formação de correntes de ar e produzir sombra, sob o sol escaldante do deserto.
No alto do Instituto de Ciência e Tecnologia, os painéis solares transformam a energia do sol em elétrica.
Detalhe do domo que cobre o prédio da biblioteca.
Esta foto mostra como os prédios ficam suspensos, de modo a aumentar a refrigeração interna. Sob eles, formam-se túneis para os únicos veículos da cidade: carrinhos elétricos, não-poluentes.
Outra foto que mostra o Instituto de Ciência e Tecnologia, suspenso sobre as dunas.
Como vai ficar o subsolo, por onde circularão os carros elétricos. Detalhe para o piso, composto por outros intricados mosaicos arábicos.
Exceto por este modelo, elétrico, carros estarão fora da cidade de Masdar.
Para garantir sua autossustentabilidade, a cidade contará com um campo fotovoltaico vizinho, suficiente para gerar toda a energia elétrica necessária.
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