domingo, 26 de dezembro de 2010
sábado, 25 de dezembro de 2010
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Open Letter to the Latin Patriarche Latin of Jerusalem
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domingo, 12 de dezembro de 2010
Lançamento do #livro "Na Senda das Noites" e palestra com Mamede Mustafa Jarouche, tradutor de "As Mil e Uma Noites" #USP
Comecei a ler, na semana passada, o primeiro livro de "As mil e uma noites", com tradução de Mamede Mustafa Jarouche, a primeira feita diretamente do árabe para o português, publicada pela Editora Globo.Por mais que a gente já conheça, quase que como parte de um inconsciente coletivo, as histórias que Sherazade conta ao sultão - entre elas, Ali-Babá e os 40 ladrões, Aladdin e lâmpada maravilhosa e O marinheiro Simbad -, estou empolgado com a leitura fácil, prazerosa e enriquecedora do livro. Há muitas outras noites e muitas outras histórias sobre as quais pouco ouvimos falar. Mesmo as conhecidas reservam detalhes que ficaram perdidos em outras traduções e versões do livro.Como eu me tornei um fã do trabalho de Mamede Jarouche, não podia deixar de passar adiante este convite que recebi, para palestra dele, no dia 16/12, na livraria da Vila - Fradique, em São Paulo. Ele vai falar sobre o livro Na senda das noites, que vai ser lançado nesse dia pela Editora Globo.Este livro de Christiane Damien se debruça sobre a importância do trabalho de Jean-Antoine Galland, orientalista francês tido como introdutor do Livro das Mil e Uma Noites na cultura ocidental, para a obra do escritor francês Charles Nodier. Centrando-se num dos contos desse autor, “Os Quatro Talismãs”, ela esmiúça os elementos que apresentam analogia com o Livro das Mil e Uma Noites e vai muito além da simples comparação entre as obr as, desenhando todo um conjunto de relações interiores e exteriores a ambos os textos. Ou seja, é mais uma sugestão do que promete ser uma excelente leitura para quem se interessa pela cultura árabe. |
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
sábado, 6 de novembro de 2010
Megaestádios do Qatar para a #Copa de 2022 #Arquitetura #ArabWorld #futebol
Hoje, pela newsletter do ICÁrabe, acabei conhecendo um site brasileiro muito interessante - e desde já recomendado - sobre o mundo e a cultura árabes: o portal Arabesq, que traz notícias, informações, imagens e músicas dos países árabes. É uma versão profissionalizada e muito mais organizada do que me proponho com este posterous, com a diferença que, a partir de 21 de dezembro, este espaço vai se transformar em diário online da minha expedição ao Oriente Médio.
Enfim, no Arabesq, acabei encontrando um vídeo que procurava há algum tempo. Trata-se da apresentação do Qatar em sua candidatura para sediar a Copa do Mundo de Futebol de 2022. Deem uma olhada:
Gostei de alguns projetos, especialmente do Al-Khor (que imita uma concha e se abre para o Golfo Pérsico), mas me questiono sobre o exagero e a cafonice de alguns outros (sobretudo o do complexo de Al-Wakrah, que se inspira em óasis do deserto, mas se perde numa mistura esquisita de shopping-center com jardins suspensos)... enfim, além de tudo, acho cansativa a tendência arquitetônica de busca inspiração em formas da natureza para tudo.
Não duvido e também torço para que o Qatar (país com a maior renda per capita do mundo) consiga sediar essa Copa. Até lá, porém, veremos espalhados pelo mundo um exército de estádios-monumento vazios e sem propósito.
terça-feira, 2 de novembro de 2010
A perseguição aos árabes não-islâmicos no #Iraque #arabworld #catolicos #finados #cristianofobia
No que me parece um claro martírio (a morte por professar sua fé), o padre Taher Saadallah Boutros foi o primeiro a ser morto, já no domingo durante a missa, quando terroristas do grupo Estado Islâmico do Iraque, vinculado à Al Qaeda, invadiram a igreja de Nossa Senhora do Socorro e fizeram mais de 100 reféns.
Numa ação completamente desastrada, o Governo iraquiano decidiu invadir a igreja, nesta segunda-feira de Finados, e precipitou a morte dos fieis, além de sete agentes de polícia e cinco dos sequestradores. Foram 52 mortos, no total.
Os cristãos do Iraque pertencem a denominações de tempos bíblicos, como os caldeus e os assírios. Antes da guerra de 2003, havia cerca de 1 milhão de cristãos no país, agora são quase metade disso, como consequência das perseguições de grupos muçulmanos que em nada lembram os tempos de tolerância e convívio estabelecidos nos califados da primavera islâmica. Na Bagdá (que significa "Casa do Conhecimento") antiga, berço da primeira universidade do mundo, bem como no reinado de Saladino sobre a Terra Santa e na Andaluzia moura, a convivência e a troca de conhecimento entre muçulmanos, cristãos (necessariamente, católicos) e judeus dava-se de forma pacífica e proveitosa para todos.
Já em 2008, os ataques contra cristãos de diversos ritos custaram a vida de 40 pessoas e provocaram umêxodo na cidade iraquiana de Mosul. A nova Constituição do país reconhece os direitos de culto e ensino, mas estabelece também que "nenhuma lei poderá ir contra as regras do Islã". Ainda que a presença dos cristão seja muito anterior a dos muçulmanos, eles ficaram expostos aos defensores da jihad, que os consideram simpatizantes do Ocidente.
No início do ano, conheci uma professora da Universidade Nova York (NYU) que é judia iraquiana. Nasceu no Iraque, mas foi expulsa de lá com a família ainda criança. Em Israel, também sofreu com o preconceito de judeus de origem europeia, por ser uma judia de origem árabe. Enfim, uma história de perseguição por todos os lados, que merece ter fim. Mas isto é assunto pra outra postagem.
O insustentável peso de #Dubai #sustentabilidade #arabworld #urbanismo #meioambiente
Reproduzido da VejaOnline
O horizonte em Dubai é o mais brilhante de todo o Oriente Médio. Mas em terra firme, os problemas ambientais causados na cidade que foi rapidamente construída sobre a areia não têm nenhum glamour. Nos últimos anos, turistas têm se deparado com detritos na porção de Dubai do Golfo Pérsico. Dessalinizar água do mar para abastecer torneiras, propriedades irrigadas e fontes está aumentando a concentração de salinidade. Ainda que sobre vastas reservas de óleo, a região está ficando sem fontes de energia para sustentar seu pomposo estilo de vida.
Coisas básicas - como o tratamento de resíduos e fornecimento de água limpa - somadas aos inúmeros projetos industriais demandam tanta energia elétrica que a região está a caminho de um futuro nuclear, levantando questionamentos sobre riscos, tanto políticos quanto ambientais, sobre o fato de depender de uma tecnologia vulnerável a acidentes e ataques terroristas. Deslumbrados com a rápida urbanização de Dubai, outros países na região do Golfo tentam seguir seu modelo enquanto se preparam para o grande estouro populacional que está por vir nos próximos dez anos. Mas além de seus arranha-céus e pistas artificiais de esqui, Dubai traz uma narrativa alarmante sobre os perigos por trás da construção de supermetrópoles no deserto. "O crescimento tem sido intenso, mas as pessoas esquecem do meio ambiente," diz Jean Francois Seznec, especialista em Oriente Médio e professor da Universidade Georgetown, em Washington. "A postura era a de que os negócios sempre vinham em primeiro lugar. Mas agora eles estão percebendo o aumento dos problemas, e descobriram que precisam ser mais cautelosos." Assim como uma versão oriental de Las Vegas, o maior desafio de Dubai é a obtenção de água - que é encontrada em toda parte, mas, no Golfo, só é própria para consumo com a ajuda de grandes usinas de dessalinização. São elas que produzem as emissões de dióxido de carbono que tornaram os Emirados Árabes Unidos um dos países que mais emitem carbono do mundo. As usinas geram ainda uma enorme quantidade de sedimentos que são bombeados de volta ao oceano. No limite - Para saciar a sede, os Emirados Árabes dessalinizam o equivalente a 4 bilhões de garrafas de água por dia. Mas sua fonte é escassa: a região tem em média um suprimento de água estimado para apenas quatro dias. Essa margem de escassez é ainda mais reduzida pelo consumo notório de ícones da construção civil, a exemplo do Burj Khalifa, considerado o prédio mais alto do mundo, e que sozinho consome o equivalente a quantidade de água em 20 piscinas olímpicas por dia para manter-se com temperatura amena em meio ao deserto. Os níveis de de salinidade do golfo aumentaram de 32.000 para 47.000 partes por milhão em 30 anos. Esse número é suficiente, afirma Christophe Tourenq, pesquisador do World Wildlife Fund em Dubai, para ameaçar mangues, a fauna e a vida marinha local. O rápido crescimento causou também outros tipos de problemas ambientais, incluindo o tratamento dos detritos que tem feito um esforço imenso para acompanhar todo esse desenvolvimento. Até agosto, a única unidade de tratamento de dejetos de Dubai foi forçada a manejar 480.000 metros cúbicos de água com detritos diariamente, quase o dobro de sua capacidade total. Alguns dos 4.000 motoristas dos carros tanques que transportam dejetos diariamente de Dubai até a usina simplesmente desaguavam o carregamento nas linhas de esgoto do elegante bairro de Jumeriah, poluindo lugares como o Dubai Offshore Sailing Club, onde manchas negras ainda são vistas em rochas próximas à marina, denunciando o derramamento de esgoto. Enquanto isso, centenas de arranha-céus tiveram de repensar suas prioridades e soluções em relação ao consumo e obtenção água e gasto de eletricidade; padrões e normas ambientais raramente são postos em prática na construção civil. Florestas no deserto - Autoridades afirmam que o ritmo de crescimento desenfreado tem sobrecarregado as fontes de recursos naturais. Muitos dos esforços para suprir a demanda dos próximos vinte anos têm aumentado os desafios de proteção ambiental, disse Majid Al Mansouri, secretário geral da Agência Ambiental de Abu Dhabi. "Mesmo superando uma grande parte dos desafios, reconhecemos que ainda resta muito trabalho a ser feito." A sustentabilidade é um assunto muito debatido por aqui, e a capital Abu Dhabi tem sido a maior encarregada pelos erros ocorridos em Dubai. Para enfrentar o problema de água, Abu Dhabi montou um sistema de monitoramento de água subterrânea e está conseguindo reutilizá-la para irrigar propriedades e florestas no deserto. A cidade começou uma campanha de conscientização. No mês passado, governo aprovou o início da construção do primeiro reservatório de água dos Emirados Árabes Unidos, com capacidade para estocar água para abastecimento durante um mês. O governo também passou a exigir que novas construções sejam projetadas utilizando os padrões ocidentais de redução de impacto ambiental no tocante ao consumo de água e energia. A ameaça do esgoto diminuiu desde que Dubai inaugurou parte da nova estação de tratamento de água no meio deste ano, duplicando a capacidade de tratamento nos Emirados Árabes. Além disso, após a crise financeira que atingiu Dubai, cerca de 400.000 trabalhadores migrantes deixaram o país, reduzindo a demanda das usinas de tratamento, que atualmente operam em capacidade máxima. Mas até mesmo estas soluções enfrentam dificuldades. "Muitas coisas boas vêm acontecendo," conta Mohammed Raouf, diretor ambiental do Gulf Research Center. "Mas ao mesmo tempo, com todas as leis ambientais, estratégias e planos de sustentabilidade, nem tudo tem sido aplicado." Futuro nuclear - Ambientalistas afirmam que ainda existem denúncias do despejo de dejetos na rede de esgoto do deserto. E enquanto o governo tenta abordar os problemas da água e dos detritos, Dubai e Abu Dhabi aguardam ansiosamente a nova leva de moradores que chegará na próxima década, implicando uma nova demanda por água tratada, saneamento e eletricidade. Grandes projetos industriais, a exemplo da fundição do alumínio e produção de aço, que exigem fontes grandes e estáveis de eletricidade, sobrecarregam a capacidade de energia dos Emirados Árabes. Muitos desses projetos são de produção para exportação que complementam os negócios petrolíferos do país e também são utilizados na implementação de infraestrutura. No entanto, eles são abastecidos com gás natural do Catar, com capacidade para suprir apenas a região. Alternativas como a energia solar e eólica, dentre tantas outras soluções como o uso do carvão, acabam não sendo viáveis por causa de desafios de transporte e fornecimento. Como resultado, os Emirados estão pensando em utilizar energia nuclear como a principal fonte energética. Em dezembro, os Emirados Árabes assinaram um acordo com Washington para permitir a construção de usinas nucleares que não fazem uso ou reprocessam urânio. Abu Dhabi estima construir cerca de quatro usinas até 2017 e conseguir gerar cerca de 23% da energia dos Emirados Árabes até 2020. Arábia Saudita, Kuwait, Catar, Banhein e Egito também estudam o uso da energia nuclear. "Nós vemos a energia nuclear como um fator importante para o desenvolvimento econômico e a diversidade estratégia dos Emirados Árabes," afirma Mohamed Al Hammadi, diretor executivo da Emirates Nuclear Energy Corp. "A energia nuclear fornece energia 24 horas, sete dias por semana, um ano inteiro, então é uma solução compatível." Entretanto, sob a ótica da sustentabilidade, o uso da energia nuclear não faz muito sentido, argumenta o especialista ambiental Raouf. Ainda que produza energia limpa, ela "não pode ser renovável, há um grande problema com o gasto, e a provisão de urânio está prestes a sumir dentro de 40 ou 50 anos", diz ele. "É pouco lógico, ao menos que você realmente queira usá-la por razões políticas ou de segurança." Al Hammadi, que trabalha junto às autoridades para descobrir novas formas de aumentar a oferta de energia dos Emirados Árabes, afirma que a tecnologia nuclear implementada é "um modelo seguro e tranquilo". Ainda assim, ambientalistas temem que o governo esteja perseguindo um modelo de desenvolvimento econômico de maneira confusa. "O que o país nos mostrou," conta Raouf, "é que se não trabalharmos com a sustentabilidade, podemos até conseguir lucro de forma mais rápida, mas vamos ter de encarar muitos riscos".sábado, 23 de outubro de 2010
Fashionista Terrorista #arte #Isla #arabworld #exposicao #ccbb
Composição de Laila Shawa, na mostra "Miragens", de arte contemporânea do mundo islâmico, em cartaz no CCBB do Rio.
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segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Catadores do Cairo usam o lixo para conseguir luz e água quente #sustentabilidade #arabes #Egito
Cairo - Eles vivem com menos de um dólar por dia, não têm emprego nem comida e às vezes sequer água ou eletricidade e, no entanto, construíram em seus tetos tecnologia sustentável de primeira qualidade com a única coisa que têm de sobra: o lixo.
Alguns moradores da comunidade de Zabbaleen ("catadores de lixo", em árabe) construíram aquecedores solares com materiais recicláveis que proporcionam a eles água limpa e quente.
Assim, para os habitantes deste bairro, tornou-se coisa do passado aquecer água na estufa ou com querosene, que anualmente causam a morte de 30 pessoas por acidentes.
O autor intelectual - e principal executor - dessa ideia é o cientista americano Thomas Culhane, apaixonado pela criação de cidades sustentáveis, que se mudou para a favela do Cairo há quatro anos para iniciar o projeto.
"Preparamos eco-comunidades que possam produzir soluções de água, energia, resíduos sólidos e que as pessoas sintam isso em seus ossos e mãos, que o vivam todos os dias", enfatiza Culhane à Agência Efe.
A missão de sua ONG, Solar Cities, se limita a diminuir as despesas em energia e resíduos nas áreas dos lares que mais os produzem - banheiros e cozinhas.
A tecnologia é tão simples que até "uma criança de dois anos pode fazê-lo. Com a ajuda do pai, claro", ressalta Culhane, enquanto olha a foto de seu filho com uma chave de fenda na mão.
As 17 placas solares já instaladas no bairro, construídas com canos de ferro e chapas de alumínio de latas recicladas, aquecem a água que percorre os canos e a enviam a um tanque conectado com mangueiras e válvulas, também extraídas do lixo.
Um efeito de sifão faz com que a água quente se acumule no alto do tanque e que a água fria saia por baixo para entrar novamente no coletor solar.
"Não é uma tecnologia que veio de mim, mas saiu da própria comunidade. Carpinteiros, encanadores, eletricistas, soldadores e artesãos. Todos cooperaram com ideias", explica o físico.
O benefício é que, com um só dia de "bom sol" - coisa que não falta no Cairo ao longo do ano -, uma família pode ter 200 litros de água quente sem gastar um só centavo.
O projeto na comunidade de Zabbaleen, onde vivem cerca de 50 mil pessoas entre montanhas de lixo, não termina por aí, já que em alguns lares também foram construídos sistemas que permitem obter gás a partir da decomposição dos resíduos orgânicos.
"O maior problema das cidades é o lixo orgânico", ressalta Culhane. No entanto, segundo ele, com esses biodigestores, os resíduos desaparecem, "evitando odores, doenças e ratos".
"É ótimo que as pessoas falem da mudança climática e de controlar seus efeitos, mas com isso nós estamos salvando vidas", argumenta Culhane, ao dar o exemplo de seu principal colaborador, Hanna Fathy, cuja sobrinha de um ano de idade foi devorada pelos ratos.
A casa de Fathy - um egípcio de 27 anos -, localizada na comunidade Zabbaleen, na zona de Manshiyat Nasser, pode ser comparada aos lares sustentáveis dos países mais desenvolvidos.
Com seu sistema de aquecedores solares, a família tem água quente todos os dias. O biodigestor proporciona uma hora de gás ou 45 minutos de eletricidade. Além disso, a família se dá o luxo de ouvir música na rádio.
"Gosto de mostrar às pessoas todos os benefícios que o sol pode nos dar com uma tecnologia barata que eles mesmos podem construir", afirma Fathy, que vive dos chamados "tours solares", oferecido pela Solar Cities em seu site ("solarcities.blogspot.com").
Para Culhane, o Egito tem "os profissionais, os recursos e a criatividade" para resolver suas principais necessidades. "Só é preciso que comecemos a mudar de mentalidade".
E ele promove essa mudança de uma maneira mais que original. Com seu violão solar e suas próprias composições, Culhane faz os Zabbaleen cantarem músicas pegajosas: "É hora de mudar o biogás!"
domingo, 17 de outubro de 2010
Do Sínodo chega um não à Cristianofobia e Islamofobia no #OrienteMedio #Árabes
Da Radio Vaticana, em português, sobre o Sínodo dos Bispos para o Oriente Médio, conclamado pelo Papa Bento XVI para abordar a perseguição aos cristãos no Oriente Próximo, da Turquia ao Iraque. Vale acompanhar!
O diálogo ecuménico e interreligioso estiveram esta sexta feira no centro dos trabalhos do sínodo para o Médio Oriente que decorre no Vaticano sobre o tema da comunhão e do testemunho. Na presença de Bento XVI auditores e delegados fraternos fizeram as suas intervenções .
Agir juntos para o bem dos cristãos no Médio Oriente na óptica de uma Igreja universal baseada na Eucaristia, unificar a celebração da Páscoa, instituir uma festa dos mártires do Oriente.
A página do diálogo ecumênico do Sínodo é ampla e articulada: olha para o fim do conflito entre Israelitas e palestinianos para levar a paz à região. Mas que "o diálogo seja efectuado também em forma interreligiosa", pedem os bispos, recordando que país islâmico não significa, automaticamente país terrorista. Neste contesto a aula sinodal sugere que se promova uma resolução da ONU sobre a liberdade religiosa que tutele, tanto da Cristianofobia como da Islamofobia, porque não se deve ser tímidos na defesa do direito de professar a própria fé, assim como não se deve usar a religião para justificar guerras de interesse político e econômico.
As experiencias do diálogo entre as religiões são referidas também pelos auditores do Sínodo, Movimento dos Focolares, Caminho Neocatecumenal e Comunidade de Santo Egídio que reafirmam a importância da presença cristã nos países islâmicos, o seu trabalho na promoção da paz e da unidade. Vital é também a colaboração com os leigos e a necessidade de oferecer às mulheres e aos deficientes a possibilidade de descobrir a própria missão na Igreja e no mundo e educar os jovens à abertura e à aceitação dos outros. Para isso pode ser útil relançar a literatura árabe-cristã.
O olhar do Sínodo alargou-se depois ao drama horrível dos cristãos no Iraque: existe uma campanha deliberada para os expulsar do país, dizem os bispos, a comunidade internacional não pode ficar em silêncio. E o silêncio não deve descer tão pouco sobre a situação dificil da Igreja na Turquia, às vezes ignorada e em perigo de sobrevivência . A sua historia , afirmam os padres sinodais foi escrita também com o sangue de vitimas como D. luís Padovese, Vigário apostólico da Anatólia , morto premeditadamente em junto passado, pelos mesmos poderes indicados como responsáveis da morte do Padre André Santoro e do jornalista arménio Dink.
Vídeo de divulgação do Sínodo
Entrevistas com os prelados participantes sobre as expectativas do encontro
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Masdar - A Fonte: o futuro que já é cidade nos Emirados Árabes #UAE #MasdarCity #ArabWorld
Dado o sucesso da postagem anterior, com fotos e informações, sobre esta cidade planejada para ser um centro universitário e científico plenamente sustentável (com total compensação das emissões de carbono) no deserto de Abu Dahbi, encaminho um vídeo retirado do site oficial do projeto Masdar City, que mostra o que já foi feito e como ficará a cidade quando pronta. É sensacional!
Postado por Thyago Mathias
domingo, 10 de outubro de 2010
#Recomendo a Exposição #Islã, no @CCBB_RJ #arabworld #feriado #árabes
O Centro Cultural Banco do Brasil do Rio apresenta, a partir de 12 de outubro (próxima terça-feira, o que é uma ótima pedida para o feriado) a exposição Islã, que traz mais de 300 obras e abrangem 13 séculos de arte islâmica – do século VIII ao início do XX. A mostra é composta por principalmente por peças da Síria (sob dominção turco-otomana) e do Irã, mas inclui também obras do norte da África, de países como Nigéria, Mali, Niger, Mauritânia, Marrocos, Líbia, Burkina Faso e da cultura Tuaregue, povos nômades do Saara, vindos dos acervos da BibliASPA (Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes) e do Acervo Casa das Áfricas. Não custa lembrar que as visitas ao CCBB são gratuitas.
“Para ilustrar 13 séculos de uma civilização que conseguiu criar uma arte de caráter tão próprio e diverso, ao mesmo tempo com traços inconfundíveis de homogeneidade, foi negociado um conjunto de obras que abrangem um amplo leque de objetos úteis e decorativos, através dos quais é possível admirar o refinamento e os conceitos estéticos aplicados pelos artistas-artesãos em sua maioria anônima”, afirma o idealizador do projeto, Rodolfo Athayde.
“Islã” terá peças de ourivesaria, mobiliário, tapeçaria, vestuário, armas, armaduras, utensílios, mosaicos, cerâmicas, objetos de vidro, iluminuras, pinturas, caligrafia e instrumentos científicos e musicais. A exposição é comemorativa dos 21 anos de aniversário do CCBB.
Para Athayde, o interesse pela cultura islâmica é proporcional ao lugar que ela ocupa no panorama dos acontecimentos contemporâneos. Importantes espaços europeus – , como Caixa Fórum da Espanha, e o Instituto do Mundo Árabe, em Paris – fizeram recentemente mostras de arte islâmica. O Museu do Louvre se prepara para abrir galerias dedicadas ao tema em 2011. Nos Estados Unidos, o Museu de Boston e o LACMA de Los Angeles exibem importantes acervos recém-adquiridos, assim como Toronto, no Canadá, prepara a abertura do Museu Aga Khan.
“Nossa exposição no Brasil amplia esse circuito trazendo um acervo pouco visto internacionalmente e absolutamente inédito no Brasil”, diz Athayde, que divide a curadoria com o Prof. Dr. Paulo Daniel Farah – diretor da Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes (Bibliaspa).
Os acervos que compõe a exposição são provenientes dos mais importantes museus da Síria e do Irã: Museu Nacional de Damasco, do Palácio Azem (Museu das Tradições Populares) e Museu da Cidade de Aleppo, na Síria; e Museu Nacional do Irã, Museu Reza Abassi e Museu dos Tapetes, em Teerã. Virão ainda peças provenientes de países do norte da África, pertencentes aos acervos da BibliASPA (Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes) e do Acervo Casa das Áfricas.
A mostra que será apresentada no CCBB do Rio de Janeiro, e que vai a itinerar pelos CCBBs de São Paulo e Brasília, está organizada por salas temáticas e ao mesmo tempo respeita um sentido cronológico, sem se submeter ao rigor temporal. A idéia é proporcionar um passeio por um período de 13 séculos pela historia da cultura islâmica, que nasce na da Península Arábica e se expande com uma velocidade histórica incomum, até dominar um vasto território, que foi da península Ibérica até o pé dos Himalaias, absorvendo e sincretizando culturas diversas dos povos conquistados ou convertidos. As salas terão a paleta típica da arte do Islã, nas cores verde e azul (no mesmo tom que originou os azulejos portugueses). Térreo
Na cenografia do térreo do CCBB serão usados padrões retirados do nicho direito da Grande Mesquita de Damasco (Omíadas), que é um marco da primeira etapa da arte islâmica, decorada sob influência bizantina. A Grande Mesquita foi construída entre 706 e 715 pelo Califa Al-Walid, que mandou vir operários bizantinos para manter o estilo existente na igreja sobre a qual foi construída a mesquita. Será criado, na rotunda do CCBB, um típico pátio interno da arquitetura islâmica, onde se verá um chafariz, e a marca da exposição “Islã”, criada pela designer Bete Esteves com base na caligrafia árabe.
Primeiro andar
Um portão cenográfico da arquitetura muçulmana receberá o visitante na entrada da exposição, em uma sala que terá um caráter introdutório ao universo da cultura islâmica. Diferentes mapas contarão os períodos de expansão territorial do Islã, acompanhados de uma linha do tempo que percorre do século VII ao século XX, destacando os mais importantes acontecimentos históricos vinculados ao mundo islâmico. Alguns objetos selecionados destacarão para o público o conteúdo do restante da exposição.
Uma pequena sala de passagem mostrará plantas arquitetônicas das mais importantes mesquitas, como a Mesquita dos Omíadas em Damasco, a Mesquita da Rocha, em Jerusalém, entre outras, e azulejos históricos serão recriados, e ressaltada a estrutura básica dos seus padrões.
A seguir, a sala dominada pelo trabalho em pedra, que começa com fragmentos originais do Palacio Al Gharbi, na Síria, onde nos primórdios da arte islâmica é possível identificar as influências greco-latinas, e será possível ver peças do século VIII e vitrines com objetos de cerâmica e vidro, de períodos do séc.VII ao XIII, como uma lâmpada de azeite em forma de cabra de porcelana azul e outras pequenas lâmpadas de azeite em cerâmica azul esmaltada. O fundo da sala é dominado por uma peça de madeira maciça com inscrições, usada como parte de uma barreira no séc. XI.
A viagem ao interior do Islã segue por uma pequena sala que guarda a Miniatura de Shahnameh e outros desenhos similares cuidadosamente ilustrados com textos que narram histórias do séc. XV, que pertenceram à livraria Real de Teerã, e uma série de objetos científicos como o astrolábio plano proveniente do Palácio Golestan em Teerã, ou o curioso astrolábio esférico de Isfahan, do século XI, que representa um globo celeste. Estas peças se relacionam com um painel sobre o saber no mundo islâmico: as aventuras da Casa do Saber criada em Bagdá no séc. IX, os feitos do filósofo e médico Avicena, o resgate de Aristóteles pelo filósofo andaluz Averroes, entre outras mentes brilhantes que fizeram florescer essa civilização. Um cofre guardará os tesouros da ourivesaria, com jóias da Síria do séc. XI, como os brincos de ouro em forma de pássaros, jóias do Irã, pratas dos Tuaregues do deserto e uma exclusiva coleção de moedas antigas de várias épocas, que vai do período Omíadas ao Império Otomano.
Depois surge a sala da palavra e a escrita, pois “sem escrita não há arte, nem sequer Islã, sem o valor transcendental da palavra e sua materialização, a escrita”, observa Athayde. Esta sala receberá o visitante com uma coleção de livros entre Alcorões e outros exemplares que mostram a arte da caligrafia árabe na sua complexidade e riqueza. Um antigo exemplar de uma página de Alcorão em letras Kuficas, escrito sobre pele de gazela, divide a atenção com as páginas douradas de outro Alcorão do séc XVII, e um tecido bordado em ouro, que repete o padrão de uma “Sura” (versículo do Alcorão), vindo do Irã do século XVII. Há ainda uma pequena pedra com inscrições em árabe, talvez um dos mais antigos testemunhos da língua árabe, datada do séc. VIII, do período Omíada, na Síria. Tábuas de escritura tuaregues e objetos para talhar e escrever também estão nesta sala, em que tudo gira em torno da palavra, essencial a uma cultura letrada, “onde o sagrado Alcorão é a própria palavra de Deus”.
A sala a seguir se distingue pelos famosos tapetes persas, arte popular levada ao máximo requinte, que ainda sobrevive em cidades como Tabriz e Isfahan. São tapetes de várias épocas, alguns deles típicos tapetes de oração, que dividem os espaço com vitrines que exibem trabalhos em metal e um nicho dominado por uma armadura de cota de malha de ferro do séc XII, usada na época dos Cruzados, “quem sabe numa batalha das batalhas que o grande Saladino lutou pela conquista da Terra Santa”. Uma vitrine central é dedicada à típica cerâmica azul, comum em todo o mundo islâmico.
A última sala nos leva ao interior do palácio Azem, residência do Paxá, governador da Síria durante o período Otomano, o último dos grandes impérios muçulmanos. Destaque para o mobiliário de poltronas e o baú crivados de madrepérolas, artesanato típico da Síria, e para as roupas que ocupam o centro da sala, assim como instrumentos musicais que são obras de arte do século XIX, fetos pelo mais famoso luthier da Síria na época.
Ciclo de debates
Haverá ainda um ciclo de debates com convidados internacionais, representantes dos museus envolvidos na exposição, e autoridades nacionais que tratarão de temas como a importância da civilização islâmica no contexto mundial, suas contribuições em diversas áreas do conhecimento, o desenvolvimento científico e as manifestações artísticas de localidades onde é expressiva a presença dessa religião. Esses debates tratarão também temas como o papel histórico da comunidade muçulmana e árabe no Brasil, desde a época do Império até a atualidade
Serviço
Data: 12 de outubro a 26 de dezembro
Horário: Terça a domingo, das 9h às 21h
Local: Sala A, Contemporânea - 2º andar | Rua Primeiro de Março, 66 - Centro
Agendamento de visitas monitoradas: Segunda a sexta, das 9h às 18h | Telefones: (21) 3808-2070 e 3808-2254
Postado por Thyago Mathias, a partir do site do ICÁrabe
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
#Árabe é diferente de #muçulmano
Encaminho uma notícia que foi publicada hoje cedo no Globo, mas só ganhou destaque no fim do dia. Trata-se de uma iniciativa de S.S. Papa Bento XVI para conter a sangria de cristãos nos países árabes (além de Israel).Ora, isso chama a atenção porque, como primeiro ponto, o Oriente Médio, os países de Israel, Líbano e Egito constituem a chamada Terra Santa. Junto com a Síria, o Iraque e a Turquia, compõem uma paisagem citada no velho e no novo Testamento que fundamenta a fé cristã. Depois das antigas Cruzada, que - de uma maneira bestial aos nossos olhos civilizados, mas também de modo plenamente sensato para a realidade da Idade Média - por séculos tentaram garantir o domínio cristão sobre a região, não se trata aqui de uma incursão por controle, mas de uma iniciativa por sobrevivência e pela diversidade. Católicos, mas também cristãos de igrejas orientais, tem diminuído em número, vítimas de preconceito e perseguição. A segurança para que eles possam professar em paz sua fé é, pois, a principal meta do debate proposto pelo Papa.O outro ponto que destaco é também uma oportunidade para chamar atenção a uma confusão que muitas pessoas fazem, por desconhecimento mesmo, sobre o mundo árabe. Ser árabe não é sinônimo de ser muçulmano, mas muitos ignoram isto. A preocupação dos líderes cristão, como se vê no texto que reproduzo abaixo, é justamente, com a diversidade religiosa dos árabes não-islâmicos. É bom saber que há libaneses - com etnia, cultura e língua árabe - católicos maronitas. Há iraquianos - com etnia, língua e, em boa parte, cultura árabe - judeus (são os chamados judeus Mizrahi, que são curdos, iemenitas, libaneses, etc.).O problema é que há cada vez menos deles. No Brasil mesmo, a grande maioria dos árabes emigrados para cá (sírios e libaneses, sobretudo) é católica de rito de oriental. A ideia do debate é tentar reverter este quadro e eu acredito que um excelente primeiro passo é dissociarmos a vivência árabe da vivência islâmica, embora a realidade islâmica seja inerente aos povos árabes de hoje e não é ela que se quer combater.Papa debaterá com bispos êxodo cristão no Oriente MédioPlantão | Publicada em 07/10/2010 às 09h19m ReutersPARIS - O Papa Bento XVI debaterá, a partir de domingo, com bispos do Oriente Médio como enfrentar a redução no número de cristãos na região, como proteger as minorias e como promover a harmonia com seus vizinhos muçulmanos. Durante duas semanas, o sínodo irá discutir questões como o conflito israelo-palestino, a instabilidade no Iraque, o radicalismo islâmico, a crise econômica e as divisões entre as muitas Igrejas cristãs da região. Os participantes são todos de Igrejas locais subordinadas ao Vaticano, mas o contínuo êxodo de cristãos de todas as denominações - católicos, ortodoxos e protestantes - leva os bispos a examinarem de forma mais ampla os desafios enfrentados por todos os seguidores de Jesus no Oriente Médio. A situação varia entre os países, mas em geral o quadro é dramático para os cristãos, que constituíam cerca de 20% da população da região há um século, e hoje são apenas 5%, uma cifra que continua caindo. - Se este fenômeno continuar, o cristianismo no Oriente Médio vai desaparecer - disse o reverendo Samir Khalil Samir, um jesuíta egípcio radicado em Beirute e que participou da redação dos documentos de trabalho que servirão de base para as discussões no Vaticano. - Esta não é uma hipótese irreal. A Turquia passou de 20% de cristãos no começo do século 20 para 0,2% agora.No Iraque, acrescentou, o êxodo cristão desde a invasão americana de 2003 "pode fazer a Igreja se esvair". Os especialistas envolvidos nos preparativos do sínodo defendem amplas mudanças sociais no Oriente Médio, que deem espaço para governos laicos e democráticos e para a cooperação inter-religiosa. - O que está em questão é a renovação da sociedade árabe - disse Samir, lembrando que a maioria dos cristãos da região também se identifica como árabe. Segundo ele, muitas sociedades do Oriente Médio reagem às pressões modernizantes e ocidentalizantes fundindo as identidades árabe e muçulmana, o que reduz a liberdade religiosa para as minorias não-islâmicas. O documento-base diz que "os católicos, junto com outros cidadãos cristãos e pensadores e reformistas muçulmanos, deveriam ser capazes de apoiar iniciativas que examinem minuciosamente o conceito de 'secularismo positivo' do Estado." "Isso poderia ajudar a eliminar o caráter teocrático do governo e permitir uma maior igualdade entre cidadãos de diferentes religiões, estimulando assim a promoção da democracia sã, positivamente laica em sua natureza", diz o texto. |
sábado, 2 de outubro de 2010
Beirute: ir ou não ir?
Planejando minha viagem ao oriente, com 40 dias dedicados ao aprendizado da língua árabe, já me havia batido uma dúvida sobre aproveitar para ir ou não ao Líbano, quando retornasse do Egito, em janeiro.O país (لُبْنَان, Lubnan) que faz referência aos "montes de leite", sempre cobertos de neve, visíveis desde a costa do Mediterrâneo, sempre foi considerado um exemplo do poder ambíguo do homem, que destrói e ergue coisas belas. Quer dizer, um paraíso terrestre devastado: na antiguidade, era coberto de cedros até que a exploração de madeira levou a árvore à quase-extinção; depois, considerada a Paris do Oriente, a capital, Beirute, foi completamente arrasada por seguidos períodos de guerra. As marcas mais fortes, vistas nas fotos desta postagem, são as da guerra civil que durou de 1975 a 1990.Com tudo isso, mais as constantes crises com Israel e o poderio político do Hezbollah, uma facção encarada como terrorista sob nosso ponto de vista ocidental, eu desisti de estudar no país e de sequer passar por lá em visita.Hoje, entretanto, me deparei com uma matéria da Veja Online sobre um novo renascimento de Beirute - com os prós e contras de tornar-se uma cidade internacionalizada e dominada pela arquitetura espetáculo pós-moderna. Reproduzi essa matéria aqui, abaixo, e anexei algumas fotos da cidade, em diferentes ângulos e momentos, para contar com a opinião de vocês se vale ou não os riscos da visita.Um enclave de tolerância em BeirutePegue um dos táxis Mercedes amassados dos anos 70 no centro de Beirute, a capital do Líbano, e você terá a chance de cruzar com abundantes nomes glamourosos dos dias de hoje. Aqui, espalhados em uma das paredes de madeira compensada que cercam locais em que proliferam construções, está o logotipo do escritório de arquitetura de Norman Foster, anunciando um trio de prédios residenciais. Ali, num outdoor descendo a rua do chamativo Buddha Bar, está a cabeça calva que é a assinatura do arquiteto francês Jean Nouvel, que está criando um complexo chamado, modestamente, de O Marco.
Graças a um par de anos de relativa estabilidade, esta capital do Oriente Médio está construindo como os faraós. Mas o "boom" tem seu custo. Edifícios antigos, repletos de maravilhosos detalhes mouriscos, foram demolidos.
Felizmente, existe um antídoto. Quando a personalidade da cidade começa a se sentir sufocada pelo aço e pelo vidro, é possível tomar um táxi e dizer ao motorista a palavra que encarna tudo de mais dinâmico, estimulante e autêntico sobre Beirute: Hamra. Área progressista - Por muito tempo o centro da vida intelectual e dos políticos de esquerda antes da guerra civil de 1975-1990, este bairro de veneráveis edifícios de apartamentos de seis andares, campi universitários arborizados e cheio de vida na rua experimenta um renascimento. Uma série de novas livrarias e cafés com acesso à internet, espaços de arte contemporânea, bares acolhedores e ecléticos clubes de música estão ajudando a restabelecer Hamra como a região mais progressista da cidade.
Ao longo de toda a rua principal, a Hamra, caminham matronas xiítas completamente vestidas de preto com o véu muçulmano e mulheres cristãs em minissaias. Leitores de trechos do Corão dividem as calçadas com vendedores de livros de design em francês.
Para encontrar alguns dos personagens mais interessantes de Hamra, você pode começar pela Galerie Tanit, aberta há dois anos, que se uniu à antiga Galeria de Arte Agial para elevar o perfil de Hamra como um centro de arte contemporânea. Os artistas - Em uma tarde de agosto, as paredes estavam decoradas com várias colagens, a maioria de Zena el-Khalil, uma escritora e grande artista libanesa de 34 anos de idade que vive perto de Hamra há muitos anos e retratou o bairro em um livro de memórias, Beirute, Eu te Amo.
"A morte está a poucos passos de distância. Então acho que você desenvolve um tipo de humor ou ironia que ajuda a tocar a vida." Zena oferece uma dica rápida na despedida: experimentar algum dos cafés de nova geração em Hamra.
Para quem usa calçados Birkenstock, o ponto de encontro é o Bread Republic, uma padaria e café inaugurado dois anos atrás que hospeda um pequeno mercado às terças-feiras. Para os criativos, o novo centro é o T-Marbouta. O espaço está escondido no segundo andar de um monótono shopping center (o Pavillion Center), em uma confusa rua lateral frequentada por libanesas idosas atrás de sapatos baratos de plástico.
Com o café preto, a fumaça do cigarro Gauloises sobe entre as pinturas de artistas locais, exalada por universitários de óculos e jornalistas que batucam nas teclas de seus MacBooks. A música de Fairouz, a grande diva libanesa, se espalha suavemente pelo sistema de som.
"Desde o começo, o T-Marbouta procura ser política e socialmente engajado", lê-se no manifesto, no cardápio, em inglês. "Um espaço cultural aberto onde todos podem vir para conviver, ler, se encontrar, navegar na internet e discutir questões cotidianas."
Hala Alsalman, uma documentarista canadense-iraquiana de 32 anos, estava sentada no sofá vintage próximo da biblioteca ao lado do café, que exibe filmes nas noites de segunda-feira e oferece uma impressionante seleção de livros, CDs e DVDs.
Ela estava em Beirute para documentar a reconstrução da antiga sinagoga destruída no centro de Beirute, como parte de um projeto de filme sobre os judeus no Oriente Médio. A comunidade judaica de Beirute caiu para menos de cem pessoas, disse ela, mas o projeto da sinagoga ganhou financiamento do Solidaire – a corporação de desenvolvimento responsável por boa parte do centro de Beirute – e luz verde do Hezbollah, a organização islâmica xiíta, e de partidos políticos.
"É um lugar incrível", disse ela, abrindo seu laptop para mostrar uma grande foto do imponente edifício com abóbadas no interior e detalhes arquitetônicos árabes. "Muitos libaneses nem sabem que está ali." Músicas em Hamra - Mas o espírito da Hamra do século 21 surge mais completo com o pôr-do-sol e as luzes de seus muitos DJs e bares com música ao vivo. Esse espírito ecoa em cada canto do bairro, nas conversas animadas no lounge Ferdinand, famoso por seus hambúrgueres com geleia de mirtilo, o jazz e o pop árabe ecoando nos elegantes bares musicais como o Cello e o Mojo's. Em uma noite de terça-feira, um trio chamado Pindoll encheu o pequeno palco do porão de um bar chamado Dany. O grupo navegou entre o swing, um funk excêntrico e versões jazzísticas para uma multidão embalada por garrafas de cerveja Almaza. Subindo as escadas, no terraço ao ar livre, o proprietário Dani Khoury, um diretor de arte de filmes de 33 anos, maravilha-se com a vida noturna local desde que abriu seu bar homônimo dois anos atrás. "Não havia nada aqui", disse ele, entre os goles. "Hamra nunca foi afetado pela religião ou pela política", disse Khoury, que cresceu em um bairro cristão de Beirute, mas nunca pensou em abrir um bar que não fosse em Hamra. "Você verá que os vizinhos são cristãos, sunitas, xiítas, ortodoxos, maronitas, católicos, drusos, o que seja. Estão caminhando nas mesmas ruas, fazendo as mesmas coisas, comendo a mesma comida. "É uma admiração expressa muitas vezes entre os moradores e frequentadores de Hamra."É provavelmente o bairro mais cosmopolita do Oriente Médio." #Líbano #Oriente-Médio #Cidades #Arquitetura #End |
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
O #Islam no Mundo Antigo - #ebook #livrodigital
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terça-feira, 28 de setembro de 2010
Masdar: o futuro que emerge no deserto dos Emirados #Árabes
Hoje, lendo o jornal, fui surpreendido nas páginas de Ciência e Tecnologia com as fotos dos primeiros prédios a ficarem prontos na cidade de Masdar (مصدر, nome da Companhia de Energia para o Futuro de Abu Dhabi, que significa “Fonte”). Já havia ouvido falar do projeto, mas ainda não havia atentado para detalhes. Mais do que um experimento científico, acho que se trata de uma marco para a arquitetura, superior ao que Brasília representa para nós, pois, apesar de as duas serem cidades planejadas, Masdar antevê o futuro retornando às tradições dos povos do deserto e da cultura árabe. Brasília, ao contrário, aponta para um futuro, perdido nos anos 1950, que não olha para o próprio Brasil. Isso me torna um fã cada vez maior do trabalho do arquiteto responsável pelo projeto, o britânico Norman Foster.
Abaixo, reproduzo a matéria que saiu no jornal O Globo, junto com algumas fotos de divulgação. Em breve, postarei mais fotos, mas deixo o link do projeto para quem se interessar: http://www.masdarcity.ae/en/index.aspx.
Em 2007, quando o governo dos Emirados Árabes anunciou seu plano de construir "a primeira cidade do mundo livre de carbono" nos arredores de Abu Dhabi, muitos ocidentais acharam que aquilo era um marketing moderno para fazer frente à torre de 1.500 metros de altura no deserto e às ilhas artificiais em formato de palmeiras na vizinha Dubai.
Projetada pela firma Foster & Partners, a cidade de Masdar será um quadrado perfeito, com aproximadamente 1.500 metros de cada lado, erguida sobre uma base de sete metros de altura para aproveitar a brisa do deserto. Entre seus labirintos de ruas de pedestres, uma frota de carros elétricos navegará silenciosamente por túneis. O projeto parecia uma mescla de uma fortaleza medieval murada e uma versão moderna da "Terra do Amanhã", do Magic Kingdom da Disneylândia.
As primeiras impressões se revelaram errôneas. Na semana passada, quando a primeira parte da cidade a ficar pronta foi apresentada ao público, ficou claro que Masdar é mais ousada do que se imaginava.
Norman Fostar, o principal sócio da firma responsável pelo projeto, misturou um design high-tech com práticas antigas de construção para criar um intrigante modelo de comunidade sustentável num país onde o dinheiro proveniente do petróleo permite a construção de praticamente qualquer coisa. E ele ainda trabalhou com uma atraente visão social, na qual as tradições locais e a modernização não entram em conflito.
Um dos objetivos em Masdar foi criar uma alternativa ao desenvolvimento ineficiente visto hoje em boa parte das cidades do Oriente Médio - casas construídas num superficial estilo islâmico ao lado de shoppings gigantescos.
Foster começou um meticuloso estudo sobre os assentamentos árabes, entre eles a antiga cidadela de Aleppo, na Síria, e as torres de apartamento de argila em Shibam, no Iêmen, do século XVI. Segundo ele, o importante é entender o fundamental: como as comunidades antigas conseguiam viver numa área em que a temperatura do ar chega a 65 graus Celsius.
Ele descobriu que construir as cidades sobre um platô elevado era uma delas. Outra era fazer ruas estreitas para potencializar o vento encanado e as sombras. Com essas medidas, eles esperam baixar muito a temperatura local e economizar mais da metade do total de energia necessário para fazer a cidade funcionar.
Do total de energia usado, 90% será solar e o restante obtido a partir da incineração de rejeitos. Os serviços de purificação e incineração são todos subterrâneos. E os painéis fotovoltaicos ficam fora da cidade. Carros são totalmente proibidos.
Fotos de divulgação da nova cidade:
O projeto da cidade, um quadrado com 1,5km de lado, projetado por Norman Foster para abrigar 45 mil habitantes e receber 45 mil visitantes ao mesmo tempo.
Detalhe de um dos primeiros prédios residenciais já construídos em Masdar, onde se nota a fachada em terracota (como as antigas casas do deserto), com gelosias compostas por mosaicos tradicionais da cultura árabe – elas protegem do sol, sem bloquear o vento.
Foster planejou ruas estreitas, como as das antigas Medinas (Fez, no Marrocos, é um exemplo conhecido para os brasileiros), para ajudar na formação de correntes de ar e produzir sombra, sob o sol escaldante do deserto.
No alto do Instituto de Ciência e Tecnologia, os painéis solares transformam a energia do sol em elétrica.
Detalhe do domo que cobre o prédio da biblioteca.
Esta foto mostra como os prédios ficam suspensos, de modo a aumentar a refrigeração interna. Sob eles, formam-se túneis para os únicos veículos da cidade: carrinhos elétricos, não-poluentes.
Outra foto que mostra o Instituto de Ciência e Tecnologia, suspenso sobre as dunas.
Como vai ficar o subsolo, por onde circularão os carros elétricos. Detalhe para o piso, composto por outros intricados mosaicos arábicos.
Exceto por este modelo, elétrico, carros estarão fora da cidade de Masdar.
Para garantir sua autossustentabilidade, a cidade contará com um campo fotovoltaico vizinho, suficiente para gerar toda a energia elétrica necessária.
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