O vento leva
por J.R. Guzzo,
coluna de Veja, 24/12/2008
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai chegando ao fim do seu sexto ano de governo com mais uma arrancada de declarações prodigiosas. "Tenho certeza de que vou fazer a minha sucessão", afirmou, numa das últimas ocasiões em que subiu ao palanque. Como a sucessão vai ser feita de qualquer jeito, o que Lula quis dizer, segundo se imagina, é que vai fazer o seu sucessor – ou seja, o homem já sabe, desde hoje, que o vencedor da eleição presidencial de 2010 será o candidato escolhido por ele. É o tipo de coisa que não deveria estar dizendo, tão antes da hora e tão pouco tempo depois de ter jurado que Marta Suplicy, a candidata na qual jogava todas as fichas nas últimas eleições municipais, seria eleita para a prefeitura de São Paulo. "Podem escrever: a Marta vai ganhar esta eleição", garantiu Lula alguns dias antes de sua preferida levar uma das maiores surras que os eleitores da cidade já aplicaram em alguém nos últimos anos. Com que cara ficaria quem tivesse escrito isso? Problema de quem acreditou; garantias dadas três meses atrás já são, para o presidente, material enterrado no fundo do arquivo morto. Lá vai ele de novo pela mesma trilha, sem mudar de idéia e sem mudar de assunto.
Adiantaria alguma coisa as pessoas acreditarem ou não naquilo que diz o presidente da República? Talvez não faça grande diferença, pois os fatos continuam sendo os fatos, não importa o que Lula diga sobre eles. Mas vai ficando claro que em geral faz papel de bobo, ou perde o seu tempo, quem leva a sério o que o presidente diz. Lula, com certeza, desrespeita o público quando insiste em dizer qualquer disparate que lhe passe pela cabeça. E o público, por sua vez, também não precisa mais respeitar o presidente, quanto se torna inútil prestar atenção nos seus discursos. Por que haveria de respeitar, se não é respeitado? Na verdade, o chefe do governo dá a impressão, freqüentemente, de ser o primeiro a não ter respeito por suas próprias palavras, ou de não estar interessado em saber se elas são respeitadas ou não.
O que se pode pensar de diferente, por exemplo, diante da última tirada de Lula sobre as semelhanças entre a Presidência da República e a medicina? O presidente, neste seu embalo de fim de ano, ensinou que um bom médico deve dizer a verdade ao seu paciente, mas ao mesmo tempo precisa animá-lo com a perspectiva de novos remédios e avanços científicos; não pode, diante de uma doença séria, simplesmente lhe dizer "sifu". Está certo, não pode mesmo, mas por que falar desse jeito? A desculpa dada pelo mundo oficial é que Lula, no caso, estava falando na "linguagem do trabalhador". Conversa. O trabalhador de verdade, quase sempre, faz justamente o contrário: fora da sua intimidade, toma muito cuidado com as palavras que emprega, e presta muita atenção para não parecer mal-educado diante de quem as ouve. Lula não disse "sifu" porque queria entrar em comunhão com o povo, mas porque não pensou no que estava falando – só isso e nada mais. Palavras, para o presidente, são coisas baratas, que vêm com o vento e vão embora com ele. Podem até ser apagadas das transcrições oficiais, como aconteceu com a expressão usada nesse episódio, sob a extraordinária justificativa de que ela ficou "inaudível"; um caso de alucinação em que todo mundo ouve exatamente a mesma coisa, salvo o funcionário encarregado de colocar por escrito a fala do chefe.
O palavreado ao acaso de Lula fica menos engraçado quando deixa sua função de animar auditório e passa a ser utilizado, como vive acontecendo, para envenenar o debate público e ocultar deliberadamente a verdade. Há um método aí. Mais uma vez, dias atrás, o presidente repetiu que "tem gente torcendo" para o Brasil quebrar. "Tem gente que vai deitar rezando: ‘Tomara que a crise pegue o Brasil, para esse Lula se lascar’ ", afirmou. Nunca diz quem é essa "gente"; deveria dizer, é claro, para o público se defender das pessoas que pretendem quebrar o país. Mas o que Lula quer é outra coisa – é passar a idéia de que quem se opõe a ele e ao seu governo é inimigo do Brasil. Da mesma forma, partiu para cima dos "empresários que na primeira diarréia" correm atrás do governo pedindo dinheiro. Quem são eles? Lula não deu o nome de nenhum. O grande nome que se sabe, nessa história de receber favores do governo, é o de uma empresa chamada Telemar, com a qual está acontecendo exatamente o que Lula faz de conta que condena – na verdade, briga como um leão por ela, mesmo se para ajudá-la for preciso mudar a lei. Fato, por enquanto, é só esse.
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Bicho Homem...
“O homem é um animal que indaga obsessivamente sua origem”
(Beija-Flor, sinopse, 1996)
(Beija-Flor, sinopse, 1996)
por Augusto Carazza
No afã de responder as perguntas “De onde vim? Para onde vou?”, que o inquietam desde sempre, o homem deu início a mais ambiciosa experiência científica da história. No último dia 10/09 entrou em funcionamento, na Suíça, a máquina de colisão de partículas (Grande Colisor de Hádrons) do Cern (Organização européia de pesquisa nuclear), que pretende reproduzir, em escala menor, as mesmas condições do Big Bang, que, supõe os cientistas, seja o estopim da criação do universo. Iniciativa fantástica que só corrobora o aspecto ‘revirante’, curioso deste animal. Salve a curiosidade! Ou como diz Max Lopes: “Não me proíbam criar, pois preciso curiar!”.
Tal curiosidade (o que somos?) também atiçou a mente de nossos carnavalescos que, invariavelmente, trouxeram-nos enredos instigantes, visando “dar conta” deste mundo, deste Haver. Começamos, por exemplo, pelo Aurora do Povo Brasileiro, de 1996, idealizado pela “vovozinha” Milton Cunha (divertido, como sempre, foi assim que ele se identificou para uma repórter da TV Globo ao explicar o enredo). O ponto de partida foi o fóssil feminino de mais de 10 mil anos, descoberto pela equipe da arqueóloga Niéde Guidon, na Serra da Capivara, Piauí, chamada de Aurora por Milton. O começo do Brasil, portanto, ocorreu a milhares de anos antes da chegada dos portugueses. Já havia algo por aqui... Apesar da exaltação à Aurora, não há como confirmar, de fato, um início do Brasil, do planeta ou do universo e o refrão do samba da Beija evidencia esta angústia: “Ô..Ô..Ô.. “Mãe Negra, África! Diga quem eu sou, de onde vim, para onde vou”.
Leia mais em Caleidoscópio da Folia
No afã de responder as perguntas “De onde vim? Para onde vou?”, que o inquietam desde sempre, o homem deu início a mais ambiciosa experiência científica da história. No último dia 10/09 entrou em funcionamento, na Suíça, a máquina de colisão de partículas (Grande Colisor de Hádrons) do Cern (Organização européia de pesquisa nuclear), que pretende reproduzir, em escala menor, as mesmas condições do Big Bang, que, supõe os cientistas, seja o estopim da criação do universo. Iniciativa fantástica que só corrobora o aspecto ‘revirante’, curioso deste animal. Salve a curiosidade! Ou como diz Max Lopes: “Não me proíbam criar, pois preciso curiar!”.
Tal curiosidade (o que somos?) também atiçou a mente de nossos carnavalescos que, invariavelmente, trouxeram-nos enredos instigantes, visando “dar conta” deste mundo, deste Haver. Começamos, por exemplo, pelo Aurora do Povo Brasileiro, de 1996, idealizado pela “vovozinha” Milton Cunha (divertido, como sempre, foi assim que ele se identificou para uma repórter da TV Globo ao explicar o enredo). O ponto de partida foi o fóssil feminino de mais de 10 mil anos, descoberto pela equipe da arqueóloga Niéde Guidon, na Serra da Capivara, Piauí, chamada de Aurora por Milton. O começo do Brasil, portanto, ocorreu a milhares de anos antes da chegada dos portugueses. Já havia algo por aqui... Apesar da exaltação à Aurora, não há como confirmar, de fato, um início do Brasil, do planeta ou do universo e o refrão do samba da Beija evidencia esta angústia: “Ô..Ô..Ô.. “Mãe Negra, África! Diga quem eu sou, de onde vim, para onde vou”.
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domingo, 28 de dezembro de 2008
AQEA: artista que é artista
por Augusto Carazza
Vamos falar de amor... Para isso, tomaremos como exemplo a Festa dos Protótipos – festa que revela como é nosso comportamento em relação ao amor do outro. Ela gera grande expectativa por parte dos integrantes e torcedores das agremiações, porque estes querem, enfim, ter uma idéia de como sua escola de coração passará pela avenida – Bonita ou feia? Luxuosa ou pobre? Chique ou brega? A partir desta primeira análise, surgem os comentários, muitas vezes, descabidos e apaixonados que, inclusive, já apontam, de forma precipitada, as campeãs e rebaixadas do ano seguinte. Todavia, a expectativa maior é para quem os idealiza e coordena sua execução – os carnavalescos. O peso é muito maior para estes artistas, porque estão submetendo suas criações ao gosto do público, de todo tipo de público, aliás. Naturalmente, isso cria uma ansiedade absurda e perguntas como “Será que as pessoas estão gostando? Será que estas fantasias refletem a história da escola? Agradaram ou não?”. Este processo é natural, mas perigoso, porque o artista tem como referencial o outro, ou melhor, o “amor do outro” e isto é um problema no que se refere à potencialidade criativa, que deve ser livre para qualquer artista.
Para muitos, o número de pessoas que aprovam nossas ações é correlato da qualidade daquilo que produzimos. Quanto mais ruidoso o aplauso, maior evidência de que fomos bem sucedidos. Esse tipo de raciocínio, no entanto, acaba por reduzir a qualidade à submissão ao gosto médio, àquilo que agrada ao grupo, à massa. Na realidade, isto não é o problema mais grave, mas, sim, quando hipnotizados pelo amor do outro, ficamos impedidos de ir além. Como assim?
É simples: para agradar ao outro, aos desejos do outro, muitas vezes renunciamos aos nossos próprios desejos, o que é terrível para nosso desenvolvimento criativo. Somos seduzidos facilmente, qualquer agrado nos satisfaz, porque ele nos insere na zona de conforto: eu sou amado! Porém, a busca deste amor é ilusória e é uma das grandes causas do sofrimento humano, porque acreditamos que nossa realização está na compreensão do outro, mas isso é impossível, a relação é impossível.
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Vamos falar de amor... Para isso, tomaremos como exemplo a Festa dos Protótipos – festa que revela como é nosso comportamento em relação ao amor do outro. Ela gera grande expectativa por parte dos integrantes e torcedores das agremiações, porque estes querem, enfim, ter uma idéia de como sua escola de coração passará pela avenida – Bonita ou feia? Luxuosa ou pobre? Chique ou brega? A partir desta primeira análise, surgem os comentários, muitas vezes, descabidos e apaixonados que, inclusive, já apontam, de forma precipitada, as campeãs e rebaixadas do ano seguinte. Todavia, a expectativa maior é para quem os idealiza e coordena sua execução – os carnavalescos. O peso é muito maior para estes artistas, porque estão submetendo suas criações ao gosto do público, de todo tipo de público, aliás. Naturalmente, isso cria uma ansiedade absurda e perguntas como “Será que as pessoas estão gostando? Será que estas fantasias refletem a história da escola? Agradaram ou não?”. Este processo é natural, mas perigoso, porque o artista tem como referencial o outro, ou melhor, o “amor do outro” e isto é um problema no que se refere à potencialidade criativa, que deve ser livre para qualquer artista.
Para muitos, o número de pessoas que aprovam nossas ações é correlato da qualidade daquilo que produzimos. Quanto mais ruidoso o aplauso, maior evidência de que fomos bem sucedidos. Esse tipo de raciocínio, no entanto, acaba por reduzir a qualidade à submissão ao gosto médio, àquilo que agrada ao grupo, à massa. Na realidade, isto não é o problema mais grave, mas, sim, quando hipnotizados pelo amor do outro, ficamos impedidos de ir além. Como assim?
É simples: para agradar ao outro, aos desejos do outro, muitas vezes renunciamos aos nossos próprios desejos, o que é terrível para nosso desenvolvimento criativo. Somos seduzidos facilmente, qualquer agrado nos satisfaz, porque ele nos insere na zona de conforto: eu sou amado! Porém, a busca deste amor é ilusória e é uma das grandes causas do sofrimento humano, porque acreditamos que nossa realização está na compreensão do outro, mas isso é impossível, a relação é impossível.
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Transgredir é superar uma história de dominação
“Você é uma mulher preta, feia e pobre!”, Albert (Danny Glover) dispara contra Celie (Whoopi Goldberg) em um dos muitos momentos em que A cor púrpura (The color purple, EUA, 1985), dirigido por Steven Spielberg, faz questão de dizer a que veio: expor histórias tipicamente humanas de dominação.
Mais do que o contexto das quatro primeiras décadas do século XX no sul dos Estados Unidos sugere, não é apenas o preconceito que envolve a submissão de negros por brancos que está em questão. Mesmo exclusivamente entre negros, o controle do mundo – ou dos pequenos mundos dos convívios particulares – parece subsistir na dominação da mulher pelo homem, do belo sobre o feio, do pobre em serviço do rico ou politicamente poderoso, do pai ou da autoridade moral semelhante sobre seus filhos, do colonizado diante do colonizador (nas cenas da África).
Celie consegue a proeza de encarnar todas essas submissões possíveis e sobreviver, apesar de uma vida cujas únicas características são o sofrimento e a esperança descrente da redenção, no reencontro com a irmã Nettie (Akosua Busia). A personagem de Whoopi encarna o conjunto humano que se submete, embora, na vida, exerça seus pequenos domínios e se vinga também naqueles tantos outros que, por um motivo ou outro, se encontram em posição inferior. Na realidade do mundo, poucos são os que são apenas dominadores ou apenas dominados na totalidade de suas relações.
No filme, como no mundo, despontam párias que assim são caracterizados justamente por tentar escapar à lógica da dominação, quando tinham tudo para prevalecerem ao lado dos submissos. Tanto Sofia (Oprah Winfrey) quanto Shug Avery (Margaret Avery) usam aquilo que lhes resta, a força bruta ou o apelo sexual, para sobreviver sem ter que se submeter, para encontrar um lugar novo no mundo que lhes pudesse ser menos sofrido, mas que, ao mesmo tempo, lhes impõe novos sofrimentos, uma vez que a estrutura de dominação social do sistema procura, sobretudo, punir aqueles que tentam escapar a suas garras.
Sofia e Shug, como Celie, sabem o que seria certo a fazer. Se não o fazem, é a percepção de seguir o caminho reto, ainda que certo, não lhes fará mais do que ovelhas do mesmo rebanho triste e doentio mantido sob o chicote da moralidade, do poder político e dos diversos tipos socialmente legítimos de comando. Não surpreende, pois, nesse clássico do cinema americano, que, depois de terem seguido a sua própria maneira um pouco torta o caminho que tinham à frente de si, Sofia e Shug, como Celie, não busquem outra coisa que não a redenção, amparada na compreensão do outro. Esta, porém, parece bem mais provável nas telas do que na vida.
Mais do que o contexto das quatro primeiras décadas do século XX no sul dos Estados Unidos sugere, não é apenas o preconceito que envolve a submissão de negros por brancos que está em questão. Mesmo exclusivamente entre negros, o controle do mundo – ou dos pequenos mundos dos convívios particulares – parece subsistir na dominação da mulher pelo homem, do belo sobre o feio, do pobre em serviço do rico ou politicamente poderoso, do pai ou da autoridade moral semelhante sobre seus filhos, do colonizado diante do colonizador (nas cenas da África).
Celie consegue a proeza de encarnar todas essas submissões possíveis e sobreviver, apesar de uma vida cujas únicas características são o sofrimento e a esperança descrente da redenção, no reencontro com a irmã Nettie (Akosua Busia). A personagem de Whoopi encarna o conjunto humano que se submete, embora, na vida, exerça seus pequenos domínios e se vinga também naqueles tantos outros que, por um motivo ou outro, se encontram em posição inferior. Na realidade do mundo, poucos são os que são apenas dominadores ou apenas dominados na totalidade de suas relações.
No filme, como no mundo, despontam párias que assim são caracterizados justamente por tentar escapar à lógica da dominação, quando tinham tudo para prevalecerem ao lado dos submissos. Tanto Sofia (Oprah Winfrey) quanto Shug Avery (Margaret Avery) usam aquilo que lhes resta, a força bruta ou o apelo sexual, para sobreviver sem ter que se submeter, para encontrar um lugar novo no mundo que lhes pudesse ser menos sofrido, mas que, ao mesmo tempo, lhes impõe novos sofrimentos, uma vez que a estrutura de dominação social do sistema procura, sobretudo, punir aqueles que tentam escapar a suas garras.
Sofia e Shug, como Celie, sabem o que seria certo a fazer. Se não o fazem, é a percepção de seguir o caminho reto, ainda que certo, não lhes fará mais do que ovelhas do mesmo rebanho triste e doentio mantido sob o chicote da moralidade, do poder político e dos diversos tipos socialmente legítimos de comando. Não surpreende, pois, nesse clássico do cinema americano, que, depois de terem seguido a sua própria maneira um pouco torta o caminho que tinham à frente de si, Sofia e Shug, como Celie, não busquem outra coisa que não a redenção, amparada na compreensão do outro. Esta, porém, parece bem mais provável nas telas do que na vida.
Shug Avery canta "Miss Celie's Blues"
Cena da redenção: "God is trying to tell you something"
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Rio: Cidade Partida
(Apresentada à PUC-Rio, em junho de 2008)
Uma cidade dividida entre o morro e o asfalto. Esse é o cenário da história contada por Zuenir Ventura, a “cidade partida”. Trata-se de um espaço real – o Rio de Janeiro dos extremos: comunidades carentes e condomínios de luxo, escassez e abundância, marginalidade e inclusão, bandidos e sociedade. Para passar de um ponto ao outro, o jornalista incorpora uma cartilha própria de comunicação comunitária e integra-se à realidade, aos medos e aos sonhos da favela de Vigário Geral. Seu livro é um misto de diário e reportagem ao estilo mais literário do newjournalism. Nele, o leitor acompanha o autor através do paralelo que divide os dois mundos – a passarela sobre a linha do trem – buscando compreender as raízes da violência que nos assombra.
A primeira parada é o Rio dos “anos dourados”. Zuenir volta à década de 50 e encontra, nesse que é considerado o tempo de glória da cidade, as raízes e primeiras manifestações da violência carioca. Enquanto dois jovens jogavam Aída Curi do alto de um prédio em Copacabana, o Chefe de Polícia autorizava o “extermínio puro e simples” de malfeitores e os esquadrões da morte faziam justiça colando umbigo de bandido, à bala, na parede, faltavam políticas de planejamento urbano e rural e sobravam ações que visavam remover comunidades carentes para guetos distantes dos olhos da classe média. De um lado, demonstrava-se que matar podia ser um direito, sem punições para setores da elite. De outro, delineava-se o isolamento que só manteria a cidade dividida ao longo dos anos, mas cuja existência só seria notada quando fosse rompido e o barulho dos tiros passasse a ser ouvido junto ao asfalto.
Já nos anos 90, as gangues de arrastão que espalhavam o terror nas praias da zona sul, formando paredões humanos que tomavam tudo o que encontravam pela frente, eram um sinal de alguma coisa estava errada. Meninos de rua foram mortos por policiais em frente à igreja da Candelária. O barulho se tornava mais alto. Algum tempo antes, em agosto de 1993, 21 pessoas foram assassinadas na chacina de Vigário Geral. O motivo do crime: a cultura do extermínio, ainda resistente na polícia, aplicada à vingança em um esquema de extorsão do tráfico pela própria polícia.
Aquele foi o momento do “basta!”. A partir de um movimento de Walter de Carvalho, editor de O Dia, Betinho conseguiu mobilizar personalidades de destaque na sociedade carioca em torno de um movimento pelo fim da violência. Mesmo concorrentes diretos nos negócios, como os representantes de O Globo e do Jornal do Brasil, concordavam com a idéia de que “o Rio tem que ser um só”. Assim, estava confirmada a imagem do Rio como “cidade partida” entre sociedade civil e bandidos e firmado o projeto segundo o qual seria pela integração dos últimos pelos primeiros, não pelo extermínio, que se chegaria à solução dos problemas. Nesse sentido, a condução das reuniões por Betinho, depois assumida por Rubem César, dando origem ao Viva Rio, permitiram que o movimento seguisse a linha da inclusão social e da mobilização pública no combate à criminalidade.
Zuenir Ventura procura mostrar, em seu livro, que duas das dicotomias da cidade não deveriam ser confundidas. A relação entre asfalto e favela não poderia ser diretamente associada à relação entre sociedade civil e criminalidade; ou seja, favela e crime não são sinônimos. Para pesquisar e, depois, provar isso, o jornalista integra-se à vida da comunidade – ainda como um elemento estranho, mas aceito – e participa dos seus ritos sociais (o baile funk, o churrasco de batizado, as rodas de conversa no botequim). Sua pesquisa estende-se, ainda, até a aproximação com os integrantes do tráfico e a entrevista com o líder Flávio Negão é o ponto alto do trabalho de Zuenir. Com ela, descobrimos um rapaz que começou a trabalhar aos onze anos, vendendo verduras, e entrou para o crime aos 19, quando se deparou com uma família em crise, com um irmão preso e com o desemprego.
A entrevista, obviamente, não absolve Flávio Negão, porém revela como favela e crime foram se associando no imaginário da sociedade. Tendo vivenciado aquela realidade, o autor transmite a compreensão de que a escassez, aliada à falta de perspectiva, leva à tolerância para com o que deveria ser considerado naturalmente errado. Quando uma família não consegue impedir que um filho seu vire bandido, resta-lhe somente aceitar aquela opção resignadamente. A convivência harmônica entre os dois amigos de infância, Caio Ferraz, sociólogo, e Flávio Negão, líder do tráfico, é prova disso.
Caio Ferraz foi a ponte que levou para dentro de Vigário Geral os ideais de inclusão e mobilização social propostos pelo Viva Rio. Com o apaziguamento do tráfico, a revitalização e colaboração de associações de moradores e com apoio externo, Caio conseguiu levar adiante a Casa da Paz. Sediado no imóvel onde foi morta uma família durante a chacina de 1993, esse projeto buscaria dar ocupação e qualificação aos jovens, de forma a afastá-los da criminalidade, e é emblemático por esse duplo significado de recuperação. Acompanhando a história de Caio, de Vigário Geral e do Rio, Zuenir Ventura aponta um exemplo de esforço pela recuperação da sociedade por meio do seu fortalecimento. Só a sociedade forte, pois integrada, poria um fim à distância que permite o crescimento de um outro lado, o do crime, que se alimenta da marginalização.
Uma cidade dividida entre o morro e o asfalto. Esse é o cenário da história contada por Zuenir Ventura, a “cidade partida”. Trata-se de um espaço real – o Rio de Janeiro dos extremos: comunidades carentes e condomínios de luxo, escassez e abundância, marginalidade e inclusão, bandidos e sociedade. Para passar de um ponto ao outro, o jornalista incorpora uma cartilha própria de comunicação comunitária e integra-se à realidade, aos medos e aos sonhos da favela de Vigário Geral. Seu livro é um misto de diário e reportagem ao estilo mais literário do newjournalism. Nele, o leitor acompanha o autor através do paralelo que divide os dois mundos – a passarela sobre a linha do trem – buscando compreender as raízes da violência que nos assombra.
A primeira parada é o Rio dos “anos dourados”. Zuenir volta à década de 50 e encontra, nesse que é considerado o tempo de glória da cidade, as raízes e primeiras manifestações da violência carioca. Enquanto dois jovens jogavam Aída Curi do alto de um prédio em Copacabana, o Chefe de Polícia autorizava o “extermínio puro e simples” de malfeitores e os esquadrões da morte faziam justiça colando umbigo de bandido, à bala, na parede, faltavam políticas de planejamento urbano e rural e sobravam ações que visavam remover comunidades carentes para guetos distantes dos olhos da classe média. De um lado, demonstrava-se que matar podia ser um direito, sem punições para setores da elite. De outro, delineava-se o isolamento que só manteria a cidade dividida ao longo dos anos, mas cuja existência só seria notada quando fosse rompido e o barulho dos tiros passasse a ser ouvido junto ao asfalto.
Já nos anos 90, as gangues de arrastão que espalhavam o terror nas praias da zona sul, formando paredões humanos que tomavam tudo o que encontravam pela frente, eram um sinal de alguma coisa estava errada. Meninos de rua foram mortos por policiais em frente à igreja da Candelária. O barulho se tornava mais alto. Algum tempo antes, em agosto de 1993, 21 pessoas foram assassinadas na chacina de Vigário Geral. O motivo do crime: a cultura do extermínio, ainda resistente na polícia, aplicada à vingança em um esquema de extorsão do tráfico pela própria polícia.
Aquele foi o momento do “basta!”. A partir de um movimento de Walter de Carvalho, editor de O Dia, Betinho conseguiu mobilizar personalidades de destaque na sociedade carioca em torno de um movimento pelo fim da violência. Mesmo concorrentes diretos nos negócios, como os representantes de O Globo e do Jornal do Brasil, concordavam com a idéia de que “o Rio tem que ser um só”. Assim, estava confirmada a imagem do Rio como “cidade partida” entre sociedade civil e bandidos e firmado o projeto segundo o qual seria pela integração dos últimos pelos primeiros, não pelo extermínio, que se chegaria à solução dos problemas. Nesse sentido, a condução das reuniões por Betinho, depois assumida por Rubem César, dando origem ao Viva Rio, permitiram que o movimento seguisse a linha da inclusão social e da mobilização pública no combate à criminalidade.
Zuenir Ventura procura mostrar, em seu livro, que duas das dicotomias da cidade não deveriam ser confundidas. A relação entre asfalto e favela não poderia ser diretamente associada à relação entre sociedade civil e criminalidade; ou seja, favela e crime não são sinônimos. Para pesquisar e, depois, provar isso, o jornalista integra-se à vida da comunidade – ainda como um elemento estranho, mas aceito – e participa dos seus ritos sociais (o baile funk, o churrasco de batizado, as rodas de conversa no botequim). Sua pesquisa estende-se, ainda, até a aproximação com os integrantes do tráfico e a entrevista com o líder Flávio Negão é o ponto alto do trabalho de Zuenir. Com ela, descobrimos um rapaz que começou a trabalhar aos onze anos, vendendo verduras, e entrou para o crime aos 19, quando se deparou com uma família em crise, com um irmão preso e com o desemprego.
A entrevista, obviamente, não absolve Flávio Negão, porém revela como favela e crime foram se associando no imaginário da sociedade. Tendo vivenciado aquela realidade, o autor transmite a compreensão de que a escassez, aliada à falta de perspectiva, leva à tolerância para com o que deveria ser considerado naturalmente errado. Quando uma família não consegue impedir que um filho seu vire bandido, resta-lhe somente aceitar aquela opção resignadamente. A convivência harmônica entre os dois amigos de infância, Caio Ferraz, sociólogo, e Flávio Negão, líder do tráfico, é prova disso.
Caio Ferraz foi a ponte que levou para dentro de Vigário Geral os ideais de inclusão e mobilização social propostos pelo Viva Rio. Com o apaziguamento do tráfico, a revitalização e colaboração de associações de moradores e com apoio externo, Caio conseguiu levar adiante a Casa da Paz. Sediado no imóvel onde foi morta uma família durante a chacina de 1993, esse projeto buscaria dar ocupação e qualificação aos jovens, de forma a afastá-los da criminalidade, e é emblemático por esse duplo significado de recuperação. Acompanhando a história de Caio, de Vigário Geral e do Rio, Zuenir Ventura aponta um exemplo de esforço pela recuperação da sociedade por meio do seu fortalecimento. Só a sociedade forte, pois integrada, poria um fim à distância que permite o crescimento de um outro lado, o do crime, que se alimenta da marginalização.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
18 de dezembro: inauguração da Cidade da Música do Rio de Janeiro
"Inaugurou-se ontem o suntuoso monumento com que a prodigalidade municipal dotou a cidade. O edifício colossal e soberbo parecia uma imensa mole de granito, mármore, ouro, bronze e vidros, resplandecendo à luz branca que jorrava do seu bôjo numa fulguração que deslumbrava. A multidão olhava para o teatro como tomada de assombro ante aquela grandeza, fruto de uma megalomania e abria alas para os que lá dentro iam assistir ao espetáculo de inauguração...”
Jornal do Commércio, 15 de julho de 1909, sobre a inauguração do Theatro Municipal
A história se repete. Daqui a cem anos, haverá enredos e comemorações para a Cidade da Música carioca de Christian de Portczampark? A conferir.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Revirão no Samba
Lage, Magalhães e Barros – Três histórias de ‘reviramento’ no carnaval carioca
por Augusto Carazza
O que Lage, Magalhães e Barros têm em comum? Os três já aplicaram (se assim podemos dizer) o Revirão, ou seja, reinventaram-se. Mas, do que se trata? A princípio, faz-se necessário explicar o que entendemos por ‘reviramento’. O que diferencia a espécie humana das demais é justamente a capacidade de revirar uma situação posta, tanto pelo próprio homem, quanto pela natureza. Esta última, por exemplo, traz a seguinte pedra no caminho: “homem, você não pode voar!”, todavia, esse ser ‘doidinho’, dotado da capacidade de ‘revirar’, inventa um aparelho que dribla a natureza e, assim, facilita sua vida, ao diminuir distâncias. Há vários outros exemplos de mesma ordem...
No campo cultural, essa história também procede quando fórmulas desgastadas – cinema, televisão, literatura, arte, psicanálise, carnaval – forçam, em determinado momento, a emergência do ‘Novo’, que logo se tornará velho. Porém, como este ‘Novo’ pode emergir? Não é tarefa fácil, como já adiantamos! Eis um comentário do psicanalista MD Magno (o conceito do ‘revirão’ foi criado por ele) sobre tal problemática: “alguma coisa nos acossa de tal maneira que, de repente, podemos ficar angustiados. Aí é que há possibilidade de acontecimento de uma tentativa, uma ocasião, de se virar. É só eventualmente que o Vira-ser comparece” (Natureza do Vínculo, 1993, p.27). Deste modo, o surgimento de algo novo vem a partir de uma insatisfação (que provoca angústia) com algo estabelecido (“lixo cultural”), que já não mais faz sentido, abrindo, assim, caminho para um novo discurso, que irá re-ordenar o status quo (por um tempo). Tais conceitos também podem ser observados no caminhar do carnaval.
Virando nas viradas desta vida...
Renato Lage – então carnavalesco de Castor – imprimiu sua marca ao desenvolver o enredo “Vira, virou, a Mocidade chegou!” Num momento em que a escola de Padre Miguel passava por um período delicado, pois com a morte de Fernando Pinto (1987), a agremiação ficou (nos dois anos que se seguiram) “perdida” numa espécie de ‘crise existencial’ semelhante a que seria vista mais adiante, nos anos 2000... Precisava, portanto, de uma virada. E esta veio com Renato e Lilian que souberam entender o momento pelo qual a escola estava passando para, enfim, imprimirem um modelo campeão. Com diz Magno, o ‘Vira Ser’ comparece em momento de crise (angústia), pois esta é a fonte de novas idéias, é o que nos move em direção a algo que faça sentido.
Leia mais em Caleidoscópio da folia
por Augusto Carazza
O que Lage, Magalhães e Barros têm em comum? Os três já aplicaram (se assim podemos dizer) o Revirão, ou seja, reinventaram-se. Mas, do que se trata? A princípio, faz-se necessário explicar o que entendemos por ‘reviramento’. O que diferencia a espécie humana das demais é justamente a capacidade de revirar uma situação posta, tanto pelo próprio homem, quanto pela natureza. Esta última, por exemplo, traz a seguinte pedra no caminho: “homem, você não pode voar!”, todavia, esse ser ‘doidinho’, dotado da capacidade de ‘revirar’, inventa um aparelho que dribla a natureza e, assim, facilita sua vida, ao diminuir distâncias. Há vários outros exemplos de mesma ordem...
No campo cultural, essa história também procede quando fórmulas desgastadas – cinema, televisão, literatura, arte, psicanálise, carnaval – forçam, em determinado momento, a emergência do ‘Novo’, que logo se tornará velho. Porém, como este ‘Novo’ pode emergir? Não é tarefa fácil, como já adiantamos! Eis um comentário do psicanalista MD Magno (o conceito do ‘revirão’ foi criado por ele) sobre tal problemática: “alguma coisa nos acossa de tal maneira que, de repente, podemos ficar angustiados. Aí é que há possibilidade de acontecimento de uma tentativa, uma ocasião, de se virar. É só eventualmente que o Vira-ser comparece” (Natureza do Vínculo, 1993, p.27). Deste modo, o surgimento de algo novo vem a partir de uma insatisfação (que provoca angústia) com algo estabelecido (“lixo cultural”), que já não mais faz sentido, abrindo, assim, caminho para um novo discurso, que irá re-ordenar o status quo (por um tempo). Tais conceitos também podem ser observados no caminhar do carnaval.
Virando nas viradas desta vida...
Renato Lage – então carnavalesco de Castor – imprimiu sua marca ao desenvolver o enredo “Vira, virou, a Mocidade chegou!” Num momento em que a escola de Padre Miguel passava por um período delicado, pois com a morte de Fernando Pinto (1987), a agremiação ficou (nos dois anos que se seguiram) “perdida” numa espécie de ‘crise existencial’ semelhante a que seria vista mais adiante, nos anos 2000... Precisava, portanto, de uma virada. E esta veio com Renato e Lilian que souberam entender o momento pelo qual a escola estava passando para, enfim, imprimirem um modelo campeão. Com diz Magno, o ‘Vira Ser’ comparece em momento de crise (angústia), pois esta é a fonte de novas idéias, é o que nos move em direção a algo que faça sentido.
Leia mais em Caleidoscópio da folia
Começam os ensaios-técnicos do Carnaval 2009
Inteiramente gratuitos, seguros e animados, os ensaios técnicos são a melhor oportunidade para entrar no ritmo do carnaval carioca. Pela primeira vez, as escolas de samba do Grupo de Acesso A vão dividir com a atenção do público com as do Grupo Especial.
Confira o calendário das agremiações, na Marquês de Sapucaí:
Dezembro
05 (Sexta-Feira) - Beija-Flor - (21 hs)
07 (Domingo) - Império Serrano (20hs) e Mangueira (22hs)
12 (Sexta-Feira) - Vila Isabel (21hs)
14 (Domingo) - Unidos da Tijuca (20hs) e Mocidade (22hs)
19 (Sexta) - Salgueiro (21hs)
20 (Sábado) - Renascer de Jacarepaguá (18:30hs), Portela (20hs) e Imperatriz (22hs)
21 (Domingo) - São Clemente (18h30) e Grande Rio (20hs)
Janeiro
09 (Sexta-Feira) - Mangueira (21hs)
10 (Sábado) - Paraíso do Tuiuti (19hs) e Império Serrano (21hs)
11 (Domingo) - Caprichosos (18h30), Grande Rio (19hs) e Beija-Flor (21hs)
16 (Sexta) - Tijuca (21hs) e Império Serrano (23hs)
17 (Sábado) - Porto da Pedra (20hs) e Portela (22hs)
18 (Domingo) - Império da Tijuca (18h30), Vila Isabel (20hs) e Salgueiro (22hs)
23 (Sexta) - Mocidade (21hs) e Imperatriz (23hs)
24 (Sábado) - Porto da Pedra (20hs)
25 (Domingo) - Rocinha (18h30), Mangueira (20hs) e Viradouro (22hs)
30 (Sexta) - Império Serrano (21hs)
31 (Sábado)- Estácio (19hs) e Portela (21hs)
Fevereiro
01 (Domingo) - Santa Cruz (18:30hs), Grande Rio (20hs) e Vila Isabel (22hs)
06 (Sexta) - Mocidade (21hs)
07 (Sábado) - Inocentes de Belford Roxo (18h30) e Porto da Pedra (20hs)
08 (Domingo) - União da Ilha (18h30), Tijuca (20hs) e Salgueiro (22hs)
14 (Sábado) - Imperatriz (21hs)
15 (Domingo) - Teste de som e luz da Sapucaí com a Beija-Flor (21hs)
Confira o calendário das agremiações, na Marquês de Sapucaí:
Dezembro
05 (Sexta-Feira) - Beija-Flor - (21 hs)
07 (Domingo) - Império Serrano (20hs) e Mangueira (22hs)
12 (Sexta-Feira) - Vila Isabel (21hs)
14 (Domingo) - Unidos da Tijuca (20hs) e Mocidade (22hs)
19 (Sexta) - Salgueiro (21hs)
20 (Sábado) - Renascer de Jacarepaguá (18:30hs), Portela (20hs) e Imperatriz (22hs)
21 (Domingo) - São Clemente (18h30) e Grande Rio (20hs)
Janeiro
09 (Sexta-Feira) - Mangueira (21hs)
10 (Sábado) - Paraíso do Tuiuti (19hs) e Império Serrano (21hs)
11 (Domingo) - Caprichosos (18h30), Grande Rio (19hs) e Beija-Flor (21hs)
16 (Sexta) - Tijuca (21hs) e Império Serrano (23hs)
17 (Sábado) - Porto da Pedra (20hs) e Portela (22hs)
18 (Domingo) - Império da Tijuca (18h30), Vila Isabel (20hs) e Salgueiro (22hs)
23 (Sexta) - Mocidade (21hs) e Imperatriz (23hs)
24 (Sábado) - Porto da Pedra (20hs)
25 (Domingo) - Rocinha (18h30), Mangueira (20hs) e Viradouro (22hs)
30 (Sexta) - Império Serrano (21hs)
31 (Sábado)- Estácio (19hs) e Portela (21hs)
Fevereiro
01 (Domingo) - Santa Cruz (18:30hs), Grande Rio (20hs) e Vila Isabel (22hs)
06 (Sexta) - Mocidade (21hs)
07 (Sábado) - Inocentes de Belford Roxo (18h30) e Porto da Pedra (20hs)
08 (Domingo) - União da Ilha (18h30), Tijuca (20hs) e Salgueiro (22hs)
14 (Sábado) - Imperatriz (21hs)
15 (Domingo) - Teste de som e luz da Sapucaí com a Beija-Flor (21hs)
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