Nota postada por Fernando Duarte em seu blog, por ocasião dos protestos contra a reunião do G20 em Londres, traz mais um episódio revelador sobre a figura dos "manifestantes profissionais", aqueles mesmos que, em parte, já compunham a banda da esquerda chamada de "festiva" e magistralmente retratada em Os Sonhadores, de Bernardo Bertolucci.
Segue a postagem:
Da janela do hotel, a multidão que se dirigia ao Hyde Park certamente parecia muito maior que os 35 mil calculados pela Scotland Yard, mas nem por isso parecia mais sensata. Pois horas depois, quando tentava chegar à estação do metrô de Marble Arch, já havia vários ocupando as mãos com cartazes e sacolas de compra, aproveitando as liqüidações em Oxford Street.
Não há simbolismo maior para mim nessa questão dos protestos que afloram em Londres às vésperas da cúpula do G20: centenas de pessoas com fantasias, e dando tchau para as câmeras ou conversando amigos em seus telefones celulares de marca finlandesa e exibindo os tênis fabricados no Sudeste Asiático enquanto gritam ''Abaixo a globalização!''.
Bastante parecido com o que testemunhei há mais de 15 anos durante as passeatas nas ruas do Rio pedindo a cabeça do líder do bando que saqueava os cofres públicos. Melhor point para azaração, impossível.
Ainda que meu cinismo não invalide manifestações populares de insatisfação, muito menos o direito de pôr o bloco para pisar o asfalto - eu mesmo já tive vontade de esbofetear um banqueiro ou mesmo a turma do Centro Financeiro de Londres que adora andar feito mestre do universo, como Tom Wolfe tão bem escreveu em ''A Fogueira das Vaidades'', a cabeça coça quando me pergunto se metade da turma gritando palavras de ordem tem noção do que está pedindo.
Publicado por Thyago Mathias
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