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segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O final só pode ser feliz para "Os Desafinados"


Dirigido por Walter Lima Jr., o filme Os desafinados (Brasil, 2006), ainda em cartaz nos cinemas, não diz a que veio. Se fosse apenas para escutar bossa-nova, mais valeria produzirem um documentário bem-feito ou guardar o preço do ingresso para comprar uma coletânea baratinha de Tom Jobim ou João Gilberto. Pelo menos eles cantam ou cantavam de verdade e sem falsete.

Como ficção, o filme não tem história. Suas mais de duas horas, exatos 128 minutos, parecem uma tortura durante as quais ninguém entende, afinal, o que o filme quer mostrar. A presença dos grandes atores brasileiros de sua geração – Cláudia Abreu, Rodrigo Santoro, Selton Mello – é a melhor tentativa para salvar o filme, mas sem sucesso, ainda que a culpa não seja deles.

Para completar, são muitos os erros de cena: a paisagem na janela do apartamento de Glória, em Nova York, que não condiz com a altura do prédio, além de ser completamente incompatível na alternância entre dia e noite da imagem; os cantores que não sabiam da existência do golpe e no minuto seguinte, mesma cena, discutem sobre a censura do Regime; ruas de Buenos Aires cheias de pedras portuguesas... O golpe de misericórdia chega com a dublagem musical de Cláudia Abreu, em falsete, e com a desnecessária dublagem do personagem Dico, que, mais velho, é encarnado por Arthur Kohl, mas recebe a mesma voz da juventude de Selton Mello.

Ao final, cenas de repressão durante a ditadura abandonam de vez o pretexto da Bossa-Nova para reviverem os "Anos Rebeldes", se não os reais, ao menos os da minissérie global. Na verdade, as cenas patéticas parecem entrar ali com o fim exclusivo de justificar diante do governo petista os milhões de reais de dinheiro público, via renúncia fiscal, que devem ter sido jogados fora ali.

Um final, exatamente por ser o final do filme, poucas vezes foi tão feliz.

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