Faça aqui sua pesquisa:

terça-feira, 14 de abril de 2009

Obama: o risco da demagogia em branco e preto

O mundo adora Obama, a imprensa adora Obama, os americanos adoram Obama. Será mesmo? Quais americanos. Segundo pesquisa do Pew RC, comentada pelo assessor de comunicação Karl Rove no Wall Street Journal do dia 08 de abril, Barack Obama "tem a mais polarizada aprovação em início de mandato de qualquer presidente" nos últimos 40 anos. Isso quer dizer que eleitores democratas adoram Obama, mas os republicanos não se deixaram seduzir. O que poderia parecer uma divisão normal, não aconteceu sequer na Era Walker Bush. De um modo geral, passadas as eleições, o eleitor norte-americano, independente de partido, tende a aceitar o presidente como líder da nação, Chief in Commander (coisas bem próprias deles), e não como um político qualquer, jumentinho ou elefante.

Barack Obama, que, desde a reta final da campanha e, sobretudo, no dia de sua posse, pretende associar sua imagem à de Abraham Lincoln, um republicano, deveria tomar cuidado para não ver, ao fim de quatro anos, um país dividido entre partidários de um ou outro partido, entre brancos e negros, entre sulistas e nortistas, entre caipirões texanos e nova-iorquinos cosmopolitas. That's not the dream, ao menos não no discurso de Martin Luther King, incorporado por Obama.

Vale destacar algumas observações de Rove, em seu artigo:

A diferença entre aprovação de Obama entre os democratas (88%) e republicanos (27%) é de 61 pontos. Esta "lacuna de aprovação" é 10 pontos maior do que a de Bush, neste momento da sua primeira presidência, com vitória questionada.

Obama, através de suas ações e retórica, tem acelerado o processo. Sua campanha prometeu pós-partidarismo, mas, uma vez tendo assumido a presidência, afastou os republicanos de todo processo deliberativo. Obama tem acelerado o declínio do seu apoio entre os republicanos com críticas e ataques a seu antecessor. Para uma pessoa que prometeu a esperança e civilidade na política, Obama tem mostrado uma obsessão em atacar Bush. Isso mostra Obama, como mais um político convencional.

Obama deve saber se opinião dos independentes é mais próxima dos democratas ou republicanos. Recentes sondagens mostram que o apoio às suas políticas entre os independentes é declinante. A mais recente sondagem Fox News (31 mar), apontou que a aprovação de Obama entre os independentes caiu para 52%, nove pontos menos que no início de Março. Durante o mesmo período, o número de independentes que o desaprova duplicou para 32%, saindo de 16%. Independentes também se opõe ao orçamento proposto por uma margem de 55% a 37%.

Se o apoio dos independentes continuar em queda, muitos Democratas se preocuparão com as eleições intermediárias de 2010. Nenhum presidente nos últimos 40 anos tem feito mais para polarizar a América tão rapidamente. Em menos de 11 semanas conseguiu exatamente o contrário daquilo que prometeu.
Publicado por Thyago Mathias

Nenhum comentário: